Na audição desse pássaro-voz
que em seu Renascer voa
invade o cantar desse pequeno pássaro à toa
ambos misturam-se dentro aqui
em meu quarto
em meu ser.
O cantar efêmero
e a voz prensada
misturam-se
eternidade e passagem
tudo infinitamente
neste quarto
em meu ser.
A luz do sol começa a partir
(e eu que parto desde que cheguei...)
e o pequeno pássaro insiste em participar.
Sinto-me como ele
misturando-se à canção
insisto em não partir
pretensão de ficar
busca cruel pela infinidade
busca estúpida
(grita-me a razão)
de quem se sabe
limitado
finito
um mero ponto
afetado
pela canção
pelo momento
pela bela voz
pelo nobre pássaro
pelo som ausente
(mas ouvido)
da guitarra portuguesa
pela canção sem fronteiras
pelo pássaro que agora baila
pela caneta que insiste
pelo orvalho que brota
pelo borrão no papel.
A pequena ave insiste
e eu...
... a ouvir, a sentir.
Quisera um fundamento
mas é tudo tão etéreo
e aqui entre quatro paredes
a sensação de não estar
não ser
quisera como a canção findar...
mas não
ainda prossigo...
por quê?
ainda não sou pássaro
minh’alma
ainda pesa
carrega um corpo
tão...
... etéreo...
DE JANEIRO, 19 de dezembro de 2009
MINUTOS
Quando eu partir
ainda aqui estarão
as árvores, o céu azul e as montanhas.
Quando cheguei
aqui já estavam reinando.
Suas permanências
quase eternas que são
riem do etéreo minuto que sou.
Quando eu partir
juntar-me-ei àqueles
que sendo horas, minutos ou segundo
também são efêmeros
Quando eu partir
serei como os pássaros
como as flores
as formiga
os amores as tristezas
que sempre partem
e nos repartem.
Quando eu partir...
Rio , 19/12/09
Nenhum comentário:
Postar um comentário