É madrugada...
Silêncio, o poema não pode falar!!!
O galo canta!
O relógio tictaqueia,
Zumbi o reator da luz florescente.
Silêncio,
É madrugada!
Aqui também há o glugluismo da bomba do aquário
E há também a chato do mosquito
E as mãos que o caçam (tápata!!! erraram)
Silêncio... o poema não pode gritar...
Mas há o baticum do coração,
O ladrar do cachorro,
Talvez um pega-ladrão,
Risos internos quase que sonoros
De rir do Silêncio eu quase morro...
Silêncio... o poema não pode nem balbuciar!
É madrugada
E quando silencia o poema
A vida, antes oculta, no descoberto
Balbucia, fala, grita
Arromba o Silêncio e invade,
Com sua guerrilha sonora,
O som do Nada sempre presente
Silêncio!!!
Silêncio nada
Amanhecemos cantando.
(Para Francisco, Gilberto e Raul que apesar do Silêncio não se calaram)
Rio, 05 de Setembro de 2003
O poema mostra um "diálogo" interno entre o silêncio(o nada) e som (o algo), entre o som do nada e o silêncio. Foi escrito na mesma madrugada do poema postado anteriormente e carrega um pouco da influência mística de Osho e Heráclito. Mas o poema é também uma reflexão sobre nossa história recente, a ditadura empresarial iniciada em 1964 e, por isso, pensei em chamá-lo de "Ditadura". Francisco e Gilberto também nos disseram que mesmo com o "Cálice" do período ditatorial o peito e a cuca ainda gritavam. nada mais justo, pois, do que a dedicatória. Sem esquecer da mosca na sopa do Raul, atual mosquito caçado no poema.
2 comentários:
Professor,
Belíssimo poema, bem simples (sem jamais ser simplório), bem próximo de quem lê, em resumo, bem drummondiano. Aliás, creio que a explicação do próprio poema acabou sobrando. Drummond defendia que o poema deve se explicar por sí, intento que "Silêncio!!!" alcançou perfeitamente.
Continue na batida.
Abraços
www.aovinagrete.blogspot.com
Não tenho palavras caro poeta de dizer o quanto amo passar por aqui e ler essas maravilhas que você escreve. Simplesmente Sensacional
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