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terça-feira, 13 de setembro de 2022

CLARÃO DO LUAR

 


CLARÃO DO LUAR
Fui dono da lua por vários anos
E ela sabia disso
Pelo menos é o que eu pensava
Quando, ainda criança,
A formosa bola do céu
Danava a me seguir
Se eu ia, ela também ia
Se voltava, ela me repetia
E se parado estivesse
Lá estava a danada a me olhar.
Trocávamos olhares tantos
Que descobri não ser seu dono
Passei a ser mais
Tornei-me amante e súdito.
Depois soube, através de canções,
Que muitos a amavam também
Um mano da Bahia
A ela dedicou uma homenagem
E com ele comecei a dividir o seu amor
Mas ele me falou que a amada
Pertencia a um posseiro
Um tal de Jorge montado a cavalo
Que deve ter chegado até ela
Em um daqueles foguetes
Que fizeram os norte-americanos
Com o intuito de dominá-la.
Ainda não conseguiram, mas tentam.
Depois ouvi um tal de Herbert
Protestando e assinei embaixo:
Nossa lua não deveria ter sentido
O peso de soldados
Mas de bailarinos
Sim, ela merecia pés com sapatilhas
Lábios com sorrisos
Não coturnos e capacetes ocos.
Hoje ouço todo sentimental
A melodia de Villa
E, nela, a poesia de Dora
Poesia esta que convida a amada
Para ver a lua
Minha, nossa lua
E aquecê-la
Sim, a lua tinha esfriado
Quando os pés de mortes
A pisaram
Sei, inclusive, que no céu
Só tem um reflexo deixado por ela.
É, ela não está mais lá
Está aqui, deitada ao meu lado,
E gosta de ser chamada de Clarão do Luar
E sempre que posso a aqueço
E sou aquecido...
A lua não mais a possuo, como já disse.
Jorge Willian da Costa Lino
03 de agosto de 2022 (16:59)
(Dora Vasconcellos é a letrista da música de Villa-Lobo)

GRITO DO FICA

 

Se é para o bem de todos
Felicidade geral da nação
Grita o povo
O povo grita
Sai/ pega ladrão
E democracia fica
Jorge Willian da Costa Lino
Rio de Janeiro, 11 agosto de 2022