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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

TRÊS MINUTOS

Três minutos é o que nos restava
Cento e oitenta segundos, só isso
Quem sabe um pouco mais.
Três minutos entre gritos e chamas
Entre passos corridos e fumaças
Cento e oitenta segundos, ou mais
Entre vidas, quedas, angústias
Lágrimas, ardências, pigarros
Entre mortes, medos, choros
Risos nervosos, choros em vãos
Duzentos e trinta  e um corpos, ou mais
Corpos jovens
Três minutos e muitas vidas minguadas.

Jorge Willian
Rio, 28 de Janeiro de 2013

Em Nossos Peitos

E deixemos o céu por ser escuro, naufraguemos em nossos peitos, até que a luz se faça! Deixemos a terra por ser árida, cavemos nossos peitos até que as tesouros sejam encontrados. Sufoquemos as utopias, são estrelas que já morreram, nos tiram o ar, e vamos seguir em frente no caminho aberto em nossos peitos onde ainda bate a manga vermelha. Céus, terra, utopias são esses os nós suspeitos que não encontraremos mais.

 (Rio, 18/12/2012 01h e 03min)

DESEJO PEGANDO FOGO (POEMA E CANÇÃO)

Sim, eu deixo de amar. Mas sei não fujo.
Ficheiro:Dionysos Louvre Ma87.jpg
Dionísio
Há aqueles que desistem do amor
Que querem a mansidão
A pacificação
O nada.
Eu quero
Ah, mais eu quero
E como eu quero muito
O fogo me queimando em chamas.

Sim, talvez com certeza eu não deixe de amar
Quero a fervura no sangue ardendo
Dionísio tragando-me
Pular sem medo
O abismo
Mas há, porém,
Os que querem solos
Concretudes sólidas e imóveis
Gélidos lampejos de sorrisos e festas
E fogem do amor, de Dionísio, do fogo, de mim

Sim, com certeza o amor talvez me deixe pela vida um dia
Mas há os que tem medo e desejam pouco
Apenas momentos felizes esperam
Desejam pouco e vida longa
Tragam apenas oxigênio
Vida pouca
Louca Vida
Ainda a desejo assim
Tragando-me os momentos
Cunhando moedas com meu corpo
Trocando-as por paixões que me tornam
Entornando-me no abismo onde o fogo de Dionísio arde ainda

Jorge Willian
Rio, 28 de Janeiro de 2013, 4h e 10 min.


"Um grande amor não se acaba assim/ Feito espumas ao vento/ Não é coisa de momento, raiva passageira/ Mania que dá e passa feito brincadeira /O amor deixa marcas que não dá pra apagar (...) cabeça doida coração na mão/ desejo pegando fogo/ sem saber direito a onde ir e o que fazer/ (...) o meu olhar vai dar uma festa ..." Composição de Accioly Neto e Voz de Elza Soares



















 Dioniso ou Dionísio era o deus grego equivalente ao deus romano Baco, dos ciclos vitais, das festas, do vinho, da insânia, mas, sobretudo, da intoxicação que funde o bebedor com a deidade. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dioniso#Mito.2C_segundo_os_textos_cl.C3.A1ssicos)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

SILÊNCIO

Lá fora o silêncio absolutista a tudo calou. Respiro lentamente para abafar o som que meu diafragma produz, e mesmo assim não ouço nada vindo lá de fora. Deve ser assim a morte: um silêncio tão absoluto, o som da inércia da velocidade zero.

Nem um som se faz, nem mesmo dos pássaros, ou das lâmpadas nos postes. Nem mariposas em busca de luz, nem pirilampos produzindo as suas. O silêncio calou as luzes. E calou os movimentos de quem as busca.

Acho que só existe mesmo o som daqui de dentro. Este som que sinto internado em meu ser. Este som suave de dar medo. Que parece nunca findar, mas que não sai de dentro, mesmo que eu abra boca ele se mantém aqui. Ou melhor, lá dentro de mim. Bem lá dentro. Sei que ele existe porque o sinto, pois, para ser sincero, não o escuto. Mas ele existe sim. Não só o som do diafragma, mas do sangue lento nas veias, do coração distante e do pensar calmo do cérebro. Sinto de tal forma que não há como não existir o som.

Mas é um som contínuo, também inerte, de um movimento maior que zero. Porém muito lento. E quase não produz luz também, é de uma penumbra irritante, pelo menos no início quando a percebi, mas  quando me acostumei com ela  forcei menos a miopia que sempre me acompanhou. Por falar nisso, não deixaram meus óculos perto do meu corpo, só estas flores que me causavam alergia.

Jorge Willian
Rio, 23/01/3013

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O SENTIDO DA COISA

Agora, neste exato momento
O que podemos nós?
O que faremos?
Tá pensando?
E pensar ajuda?
Sorrisos não resolvem isso,
Isso da vida ser coisa
E o que é uma coisa?
Algo que se toca?
Algo que se vê?
Ou algo que se sente?
Eu toco a vida?
Eu a vejo?
Eu a sinto...
Se sinto o que não vejo e não toco
O que é isto que chamam de vida?!
A coisa sentida?
Ou o sentido da coisa?
Deixa assim... esqueçamos o nome.

Rio 15 de janeiro de 2013 (23h e 32m)
Leo Bruno Lino e Jorge Willian