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sexta-feira, 29 de junho de 2012

SANTÍSSIMA

Gritam democracia
chamam quem nos policia
clamam liberdades
constroem muros e grades
globalizam fronteiras
dizimam nações inteiras
privatizam o coletivo
pacificam o ativo
comungam isolamentos
quebram e colam fragmentos
sacralizam o mundano
mundializam o engano
secularizam o sagrado
divinizam o mercado
profanam o que acreditam
acreditam no Estado
mercantilizam  expressões
vendem sonhos, ilusões,
desejos, amores, flores
almas, imagens, poesia
silenciam outras opiniões
invocam a democracia
convocam ditadores
santificada burguesia
que nos amassa o pão de cada dia.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

PALAVRAS

PALAVRAS
nos usam 
as palavras
usamos 
as palavras  
nos expressam 
as palavras
expressamos as palavras 
nos conduzem 
as palavras
rumos e rumores
as conduzimos
as palavras
as desnorteamos
vagueiam em nós
palavras 
nos preenchem 
as preenchemos
as esvaziamos
nos vazios nossos
são nós as palavras
amarramos as palavras
nos amarram
as palavras
nos amarramos às palavras
somos nós palavras
palavras são eu, tu, ele, nós
amamos as palavras
nos amam palavras
amores são palavras
palavras são amores
humores
são carnes as palavras
são almas
nossas palavras
nossas almas
palavras

quinta-feira, 7 de junho de 2012

POÉTICA

em mim dialoga o mundo
muitas vozes me falam
filtro e reflito  
e relanço no mundo
meus gritos, meus sussurros

Jorge Willian

Rio, 07 de junho de 2012 (03h)

sábado, 2 de junho de 2012

CASÓRIO À MODA ANTIGA

Ela deu de ombros.
Não sei, ela disse,
Amor e paixão
Não entendo essas tolices.

Ela deu de ombros.
Uma pura meninice,
Apenas expressão
De quem nega a mesmice.

Ela não gosta de assombros
Nem de outras crendices:
Flechinha e coração
São meras idiotices.

Ela não gosta de assombros.
Quem quiser que acredite:
Casa na próxima estação,
Data e pombinhos  no convite.

Grinalda sobre os ombros
E outras esquisitices
De quem aposta na união
Silenciando o disse-me-disse