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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A OFEGANTE DITADURA EM SÃO PAULO

Não é nenhuma novidade que o coração do mundo vive sua contradição em suas batidas. Sístole e diástole  dividem o coração do mundo. Aberturas e fechaduras, democracias e ditaduras, guerras e paz, tudo em um movimento de ir e vir. Um eterno retorno, embora modificado, do que bate nos corações humanos tão divididos em suas sociedades civilizadas e que, por isso mesmo, até hoje, é criadora de desigualdades. 

Um dos grandes defensores da civilização capitalista com suas desigualdades, seus lucros e acumulações de capitais foi o intelectual orgânico da ditadura empresarial no Brasil chamado Golbery,  foi ele quem trabalhou a temática da sístole e da diástole para falar da necessidade (dele e dos seus) de ditaduras como forma de preservar o capital e o que o dono deste  chama de democracia . O  General (coronel foi seu último cargo na ativa) Golbery do Couto e Silva foi um dos criadores da doutrina de segurança nacional que  condicionava a defesa do Estado à defesa da iniciativa privada. Mas Golbery pelo menos percebeu a necessidade do sistema se abrir para que uma avalanche não se insurgisse contra o próprio sistema. Era ele um estrategista que muitos ditadores da linha dura não queriam ter por perto, pois acreditavam que a mera truculência resolve todas as questões. Os que concordam com a truculência deveriam ler   este autor de Geopolítica do Brasil, já que Gramsci é por demais crítico para os ditadores subordinados ao capital. Os governantes de São Paulo atual será que não conseguem um exemplar do livro do maior pensador da Escola Superior de Guerra (ESG)? Não que eu concorde com  as teses defendidas no livro de Golbery. Mas até para ser ditador é necessário um mínimo de bom senso e inteligência. E isto está faltando aos homens que governam o Estado mais rico do Brasil.


A situação paulista  cada dia se  complica mais. A velha ditadura já revisada (que segundo o intelectual da ESG tinha que retroceder para que não houvesse grandes perdas) ainda respirar em São Paulo. Respiração ofegante de uma velha moribunda, mas respira. Não bastava órgãos oficiais paulistas chamarem o golpe de 1964 de revolução, não bastava que fizessem isto com imagens das passeatas golpistas da época. Não bastava o governado paulista tentar concerta chamando o golpe de apenas "o ano de 1994", quando deveria ter afirmado democraticamente que se tratou de um golpe contra um governante eleito. Não bastava a truculência cotidiana da polícia do estado nas ruas ou nos campos universitários. Tudo isto não bastava. Tinham também que produzir a grande  insensatez em São José dos Campos. 

O que foi feito na invasão de Pinheirinho em São José dos Campos, passando por cima das decisões do Judiciário, é mais um momento da respiração já agonizante dos ditadores. E cabe a todos denunciar, como o fez o defensor público Jairo Salvador. Nos fala Salvador de extermínio de pobres em São José dos Campos. O Jornal Nova Democracia vem denunciando extermínios de líderes comunitários e políticos pelo Brasil. O mesmo jornal também denuncia as prisões políticas que ocorrem aqui no nosso país contra as lideranças populares. Mas o silêncio imposto pela ditadura da mídia empresarial é avassalador. E esta não agoniza, esta cresce, ganha corpo, conquista mentes e corações. Divulga suas ideias e propaga seus candidatos preferenciais. Mas se cala perante assassinatos e diversos outros abusos aos direitos humanos que tanto tenta ver em países com governantes que não compartilham de suas ideologias.

E aqui, junto com a mídia empresarial,  muitos se dizem democratas e se utilizam das redes sociais para  combater os governos desses outros países. Democratas das redes sociais (a velha classe média que marchava com deus pela pátria e pela família) e empresários das mídias capitalistas unem suas forças para combaterem ideologicamente o que percebem como inimigos distantes. Mas nada falam, repito, esses que se proclamam democratas sobre o que ocorre em nossas terras. São no mínimo contraditórios, para não dizer que são intelectualmente desonestos. Mas aí é outra questão.

Segue um vídeo com as denuncias feitas por Jairo salvador.


4 comentários:

Aida Barbara disse...

Jorge, gosto da maneira como escreve, um texto esclarecedor e reflexivo. Bom mesmo!
Só não concordo qd vc diz que a ditadura está agonizante. Penso que ela está, infelizmente, ressurgindo, desagonizando, (acho que inventei a palavra)como num pesadelo, daqueles bem reais e que parecem nunca acabar...
Até qd vamos assistir a tudo de braços cruzados né? A pergunta que não quer calar...

Jorge Willian da Costa Lino disse...

Realmente coloquei como agonizante algo que percebo que tenta ganhar força. Como você acredito que é necessário não ficar de braços parados (O Gabriel, o pensador, tem uma música muito legal sobre isso) e que temos que abrir os olhos para algo que ganha força.

Rui Ruiz disse...

Extraído de: Agência Brasil - 06 de Fevereiro de 2012

Agência Brasil reconhece erro em notícia sobre mortes no Pinheirinho

Brasília A Agência Brasil errou no processo de apuração, edição e publicação da notícia OAB de São José dos Campos diz que houve mortos em operação no Pinheirinho, no dia 23 de janeiro. A notícia foi publicada com base em entrevista concedida à TV Brasil pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto. No entanto, não houve a devida checagem da veracidade da informação sobre supostos mortos na operação de reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho.

[...]

FONTE:
http://agencia-brasil.jusbrasil.com.br/noticias/3011612/agencia-brasil-reconhece-erro-em-noticia-sobre-mortes-no-pinheirinho

Jorge Willian da Costa Lino disse...

Meu caro Arturrui, valeu por postar a informação aqui no blog, mas já eu já sabia de notícias que negavam a ocorrência de vítimas fatais ao escrever o texto. A informação postada por você não invalida o teor do texto. Havendo ou não morte, a truculência é a mesma e a postura do governo paulista nesta e em outras situações precisa ser combatida. A ditadura já foi derrotada há muito, mas parece que em Sampa ela, apesar de ofegante, ainda respira. Fico aqui a imaginar o que falariam de Cuba, da Venezuela e da Bolívia se os seus governos fizessem algo semelhante com o que fizeram em Pinheirinho (havendo mortes ou não. A palavra mais usada pela mídia empresarial seria Ditadura. Tens dúvida?