Amigos e/ou Leitores

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

SILÊNCIO

Silêncio, vou dormir.
Que nada se mova!
Nem gestos, nem corpos,
Nem ideias de fora,
Se quer o tempo.
Imobilidade total,
Tudo silenciado,
Tudo aquietado,
Tudo parado.
Silêncio, dormirei
E nada deve interromper
O único verbo possível
O companheiro verbo sonhar
E seu único e desejado complemento.
Silêncio!
Sonharei com ela!


Rio, 30/12/2011 (03h e 03m)
Jorge Willian

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

TUDO OUTRA VEZ

estou com saudade
de mim
de você em mim
correndo contigo comigo
ouvindo me ouvindo
me vendo te vendo
brincando de mim
de ti de mim
saudade saudade
de envelhecer em ti
de adolescer em ti
de nascer em mim
de nascer em ti
de ir morrendo em mim
morrendo em ti
de sorrir de mim
comigo sorrir de ti
de chorar comigo
de chorar em mim e de mim
saudade de mim em mim
saudade
não deste que me olha
deste que me rir
que me espelha
este que não sou
mas que responde por mim
saudade de ti de mim
saudade
tudo outra vez
saudade quero
tudo outra vez
quero
outra vez
saudade
saudade
saudade

Jorge Willian  (26/12/2011  2h e 23m)



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MUSEU DE GRANDES NOVIDADES: O PRESENTE

"Bate outra vez com esperança o meu coração
pois já vai [ começando] o verão, emfim
volto ao jardim com a certeza que devo chorar..."



Chega o ano ao fim. Mas como tudo tem seu ciclo, chegaremos a um novo começo. E como tudo se mistura, passado e futuro tornar-se-ão um só, pelo menos na tela da televisão aqui de casa. Mas como não sou o único a assistir a telinha, sei (sabemos) que ligaremos as televisões e assistiremos a mais uma retrospectiva. E como muitas coisas se repetem em nosso mundo, assistiremos, concomitantemente, ao futuro: enchentes no Brasil derrubando morros, barracos e vidas; guerras urbanas entre traficantes e os pseudo-heróis dos bopes da morte; corrupção em São Paulo, no Rio de Janeiro, nas obras públicas, no Planalto, nas operações lei seca, no Brasil quase inteiro...

Assistiremos também às guerras entre nações contando sempre com o velho exército americano torrando mais alguns bilhões de dólares. E o congresso americano continuará negando saúde pública aos seus  cidadãos nacionalistas e ufanistas em nome do liberalismo e da falta de verbas. A   imprensa continuará falando mal dos "chaves", dos "morales" e qualquer outro líder de nações que não adotam o neoliberalismo e antiestatismo. Por outro lado, falará bem de lideranças que estejam defendendo atos não democráticos em países onde o povo sai à luta contra as crises do capitalismo, que afetam sempre os mais pobres. Até porque, para o sistema financeiro o Estado "emprestará" trilhões (só na zona do euro) dizendo combater o desemprego. Assistiremos a mais uma crise do capitalismo e novos libelos proclamarão, no meio de suas acusações, que este sistema social é o único possível.

Eleições, ah claro!, elas também poderão ser vistas e aqui no Brasil teremos os partidos do "sim, senhor Lula!" disputando com os do "não, senhora Dilma!" e ambos os grupos partidários estarão a defender o empresariado que, por sua vez continuará clamando por verbas públicas do BNDES e por diminuição de impostos para suas empresas e para cidadãos (os ricos). Para os mais pobres, que o empresariado também não esquece, a proposta é pelo fim das bolsas famílias e coisas do tipo. Com certeza poderemos assistir a alguns assassinatos de lideranças indígenas e rurais que lutam por terras nesse país de latifundiários, além de emboscadas que ceifarão a vida de lideranças sindicais. Na televisão teremos além das novelas, as mentiras dos arquitetados telejornais que não informam, e sim, deformam nossa inteligência. Veremos também Roberto Carlos cada vez mais piegas e Ivete Sangalo cada vez mais brega (no mau sentido da palavra). Bons nomes da nova MPB não aparecerão para o grande público... Talvez unzinho tenha mas sorte e seja adotado pelo sistema Globo (Som Livre) e vire uma nova Maria Gadu.

Pelo lido, parece que veremos "um museu de grandes novidades", como denunciava o bom Cazuza. Mas nem tudo será repetição, e como precisamos de novidades neste natal e no próximo ano novo, segue o vídeo abaixo.


sábado, 10 de dezembro de 2011

O VÍRUS

Há um vírus transmissível
Em meu cérebro
Se multiplicando ele vira milhões
Se encorpando se materializa
Agita-me febril
E de meu corpo se propaga

Há agora um vírus transmissível
No cérebro teu
Em segundos,  milhões iguais
Se juntarão em ti nesta febre louca
Dominarão teu cérebro, teu corpo
Teu ser, tua voz também a propagar

Há um vírus no ar
Ele devora preconceitos
Morais, científicos e religiosos
E chama-se comunhão
Popularmente liberdade

Jorge Willian
Rio, 10/12/11  15h e25m

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

E ele achava tão frágil a vida

E ele achava tão frágil a vida desde que pensou  certa vez nas borboletas. Tão belas e tão frágeis e tão efêmeras. Cuidou de não deixar a vida cair, para não vê-la em cacos, como as taças de cristais que mãos bêbedas derrubam com alegria. Para não vê-la desbotada, não a expôs ao sol quente dos verões que com seus raios dão cores e também retiram. Com bravura protegeu a vida intacta, sem fraturas, cortes, dores e paixões, que estas quebram mais do que os porretes ou acidentes de aviões. A vida intacta, pois, não sofreu fraturas, não machucou-se, não foi rasgada, não foi cortada, não foi triturada, não foi vivida. Não morreu nenhum dia e perdeu os brilhos do sol.

Jorge Willian
Rio, 05/12/2011 (13h e 47m)

DO AMOR


invisível
indizívelincabível
impenetrávelincontrolável
imprevisívelindomesticávelincomensurável
incondicionadoimperceptívelirresponsável
irracionalizável
insignificável
que troço é esse aqui dentro?



rio, 05/12/2011
jorge willian

DEPENDE...

             Segundo Kant, não percebemos as coisas como elas realmente são. As coisa em si são imperceptíveis aos sentidos humanos. Assim sendo, radicalizando o filósofo que descordaria desta conclusão, meu cérebro (e o teu) delira dentro das possibilidades que pode fazer com as coisas que percebe. Eis, então, um pensamento pós-moderno.

Verde intenso, 
marrom duro 
e o olhar vidrado.


De fundo 
um azul terno 
e o branco algodão.


Aqui o olho e seu mel
neurônios o conectando
à máquina de dar sentido.


Mas dentro, tudo fosco,
cores pardas,
tons pastéis.


E a máquina dos sentidos
escolhe das cores os tons:
brilho? ofuscante? 


Depende...
depende...
depende...

Jorge Willian
Rio, 05/12/2011

sábado, 3 de dezembro de 2011

E O SOL SE PÕE (Mais Uma crise no Capitalismo)

O sol se põe na Europa
a noite que surge
irmã da americana
escurece a liberdade
e já não podemos pensar
falar já não podemos.

O medo cresce
as grades surgem.

O sol se põe na casa do Tio San
a noite que surge
irmã da  européia
sufoca os gritos em Wall Street
e já não se podemos sonhar o sonho.

Os muros sobem
as grades crescem
e o silêncio a tudo impõe silêncio.

Os donos da noite
invocarão deuses 
cantarão hinos
hastearão bandeiras
produzirão mortes, muitas.

E os jovens outra vez
marcharão...
mas para onde mesmo?
Ao encontro do sol?
Ou abraçados pela noite?

   (Jorge Willian da Costa Lino)

  Rio,03/12/2011   0h e 13m


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

DAS PEDRAS

São tristes as janelas
que permanecem barreiras

Na janela os pingos soam
e descem tristes
o vento bate
e travado volta
o olhar transpassa
mas retorna fosco
a pedra não
ela ultrapassa a fronteira
dissolve o entrave
destrói o estorvo
sonoriza sua passagem
atinge seu desejo
estilhaça o vidro.

Há pedras, porém
entristecidas no caminho
não se movem, não voam
seus desejos calam
não conhecem as janelas intactas
que gritam de emoção e de alegria
quando espatifadas
quando cacos no chão
quando tornam-se cortantes
quando irmãs de pedras que quebram
quando amantes de pedras vivas.

Janelas odeiam pedras mansas.


Rio, 23/11/11 3h e 08m
Jorge Willian

sábado, 12 de novembro de 2011

CARLOTA, ROSINHA E EDNARDO

Carlota e Rosinha
O amarelo sentiu-se cheiro
desses que as mangas tem
e o cheiro sentiu-se  doce
sendo manga amarelenta
tipo de cor saborosa
que só os dedos sentem.



Lambuzar-se de cheiro
de cor
de textura
de sabor
de manga
infinitamente, carlotinha, enquanto dure
espadamente, rosa, enquanto eu durar.


   (Para Amanda rosa carlotinha)
Jorge Willian, Rio, 12/11/11  (4h e 27m)
          Abaixo segue uma das pérolas da música brasileira. Letra, música e interpretação maravilhosas. O cearense Ednardo, compositor de importantes canções dos anos 70 e início dos anos 80, conseguiu uma bela inspiração para falar da volúpia e da beleza feminina  usando metaforicamente  a delícia e a beleza da fruta que possui mais de mil e seiscentas variedades espalhadas pelo mundo.  E cada fruta em particular é um arranjo de sabor, testura, forma e beleza. Vale conferir abaixo a canção e pesquisar o repertório do artista.
















  A  Manga  Rosa  
A manga rosa, Maria Rosa
Rosa Maria Joana
Peitos gostosos, rosados doces 
Rosados doces mama, mama, mamãe
Teu sumo escorre da minha boca
Entre aberta a porta por onde entra e por onde sai
Por onde entra e sai o mundo, mundo
Balança a fronde farta mangueira
E mata a fome morta a fome
Ou mata imensa mata imensa massa florados cachos
De verde amarelo maduro fruto
Que pro nosso gozo vem,        (uivem?)
Amem, amem, amem...
Mamem, mamem,mamem...
Amém, amém,amém.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O DINHEIRO E A ALIENAÇÃO

Sérgio Sampaio, Pink Floyd, Lenine, Zeca Baleiro e Marx. O que há de comum entre eles? O dinheiro e sua relação com a alienação pode ser uma das respostas. Todos, de alguma maneira, trataram do tema de forma crítica. Todos usaram o verbo para falar da verba, do capital, do cifrão, da mufufa, do metal, do dinheiro. Claro que não foram só eles os que andaram "brincando" de dizer coisas sérias sobre o assunto. Até mesmo Jesus Cristo criticou com seus discursos teológicos a alienação imposta pelo vil metal. Chegou mesmo a dizer que este era um dos dois senhores  e que não se poderia servir a ele e ao mesmo tempo a Deus. Marx, em sua pobreza financeira e com o seu verbo meio filosófico e meio poético, chamou de "prostituta universal" o objeto de desejo mais sagrado para os bancos, as indústrias, os comerciantes, os famélicos e os líderes de alguns partidos e  igrejas. Em alguns seus textos,  Marx  faz, como demonstra o texto citado abaixo, críticas ao capitalismo se utilizando de textos bíblico (1). A utilização por Marx do texto de Mateus demonstra que o filósofo não compartilhava do cientificismo como dizem alguns de seus críticos universitários que ou não souberam lê-lo ou usam de má fé em seus comentários.

O dinheiro, essa mercadoria especial aceita e desejada quase que universalmente (daí a prostituta universal)  é sem valor de uso real, posto que só serve para a troca. Ele é a uma das condições atuais da alienação que vivemos. É o desejo voltado para o dinheiro que possibilita que tudo seja visto como mercadoria, que tudo seja um mero negócio. Tanto faz que seja a terra, a floresta, a saúde, a educação, o sexo, a arte ou um livro sagrado. O dinheiro, de objeto criado pelo ser humano, passa a ser um ídolo louvado e desejado como fetiche. Tudo vira mercadoria, tudo passa a ser comprado e vendido.

E todos sofrem com esta alienação. A burguesia principalmente, com seu complexo de Tio Patinhas, acaba se perdendo em um rodemoinho de investimentos-ganhos-acúmulos. Tanto quanto o resto da sociedade, esta classe símbolo do capitalismo também está perdida em um emaranhado social do capital que parece ter ganho vida própria e dominado a todos. O artista Sérgio Sampaio, em sua Roda Morta (Reflexões de um Executivo), nos fala da vida triste e alienada dos homens de negócios e suas rodas sociais, os "abutres colunáveis" também vivem "dias maquinais". (A canção pode ser ouvida no vídeo do final desta postagem)
                                                                                                                                                        Cazuza, nascido em uma família onde não faltou o dinheiro, nos dizia que "enquanto houver burguesia, não vai haver poesia". É possível se discordar do poeta exagerado. Mas não é difícil perceber que, como viu Cazuza, perdemos  a possibilidade da poesia concreta e vivida coletivamente.

 Um outro artista brasileiro, o maranhense Zeca Baleiro, anuncia que "a poesia está morta/ mas juro que não fui eu", diz ele na canção "Mundo dos Negócios".

Já o pernambucano Lenine nos canta o drama que levou o verbo a se matar devido a frieza da verba. "Cansado de pregar para o nada", o verbo prefere abandonar a vida. A verba gélida, metálica, como bem demonstrou Marx em O Manifesto Comunista, faz do mundo a imagem e semelhança da burguesia. O mundo, portanto, além de alienado, torna-se frio, gélido, metálico, calculista, burocrático. O desejo de acumulação alienada não só impede  a divisão, mas também joga a humanidade nos braços do verbo ter, como bem demonstram as citações de Marx  e  a velha canção (veja o vídeo mais abaixo) do grupo de rock Pink e Floyd que consta do memorável disco "Time". A vida, assim alienada, parece ser apenas mais um meio de vida, ou seja, a vida de todos que trabalham é somente mais um meio utilizado para se produzir riquezas que serão acumuladas por uma minoria. Minoria tão sem controle do seu mundo e separada por  um "poço fundo" dos "braçais",da maioria.

                               ...........  .......................... ..........
   "Quanto menos você come, bebe, compra livros, vai ao teatro, sai para beber, pensa, ama, teoriza, canta, pinta, luta, esgrima etc., mais você economiza e maior se tornará o tesouro que nem traças (1) nem larvas podem consumir- seu capital. Quanto menos você é, quanto menos você expressa em sua  vida, mais você tem, maior é sua vida alienada e mais você acumula de sua essência alienada... tudo o que você é incapaz de fazer, seu dinheiro pode fazer por você... 
  “Quanto maior o poder de meu dinheiro, mais forte sou. As  qualidades do dinheiro são  qualidades e poderes essenciais  meus, do possuidor. Portanto o que sou e o que posso fazer não são de forma alguma determinados por minha  individualidade. Sou feio, porém posso comprar a mulher mais  bela. O que significa que não sou feio, uma vez que o efeito da  feiúra, seu poder repulsivo, é destruído pelo dinheiro. Como  indivíduo, sou manco, porém o dinheiro me proporciona vinte e  quatro pernas. Logo, não sou manco. Sou um indivíduo  perverso, desonesto  , inescrupuloso e estúpido, mas o dinheiro  é respeitado, e assim também seu dono. O dinheiro é o bem  supremo, e consequentemente seu dono também é bom.” (Karl Marx)

   "O trabalho, a atividade vital, a própria vida produtiva  aparece ao homem apenas como um meio para a  satisfação de uma necessidade, a necessidade de    reservar a existência física. Mas a vida produtiva é vida do  gênero. É vida produtora de vida. Todo o caráter de uma  espécie, seu caráter genérico, reside na natureza de sua  atividade vital, e a atividade livre consciente constitui o  caráter genérico do homem. [No capitalismo], a própria  vida aparece apenas como um meio de vida." (Karl Marx).  

________________________________________________________________
(1): Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. (Mt 6,19-23)  
   
Lenine: O Verbo e a Verba                                                                         


Pink Froyd: Money
Em tempo: Chico Buarque, nos falou também sobre o tema em Geni e o Zepelin: E a deitar com homem tão nobre/ Tão cheirando a brilho e a cobre/ Preferia amar com os bichos/ Ao ouvir tal heresia/ A cidade em romaria/ Foi beijar a sua mão/ O prefeito de joelhos/ O bispo de olhos vermelhos/ E o banqueiro com um milhão/ Vai com ele, vai Geni...



terça-feira, 1 de novembro de 2011

O CÂNCER NOSSO DE CADA DIA

somos nós sete bilhões 
de bocas e a sétima parte
 é faminta, mais negra e desdentada  
e despolitizada e desalfabetizada
e alimentar onze bilhões 
podíamos mas as rações

 vão para cães pitbulls terrier  

gatinhos gordos e vira latas.

            ***         ***

há o câncer que ameaça matar o presidente

 e há quem delire pela vingança natural ao político

há o câncer da máfia urbana que ameaça o deputado,

mata juízes, suga os armados e churrasqueia

há o câncer dos motoristas corruptores de guardas a se vender
há o câncer dos comunistas corruptos capitalistas e suas ongs
há o câncer dos liberais capitalistas corruptos e seu Estados baratos
há garapas nas mamadeiras e o câncer da seca ainda industrializada
há o câncer urbano e rural a devorar florestas
e há o câncer metálico a corromper ecologistas
há o câncer da bolsa noticiada mais do que a vida
e há o câncer dos  hospitais mais mortes do que vida
há também médicos vendidos à privatização da saúde
e há mesmo o câncer dos obamas a imperializar
há o câncer das  bombas na palestina, em israel, no iraque e nos músculos
a agressividade no braço branco e volumoso e no carro bêbado do pitboy
e o câncer racista branco vai de encontro ao câncer racista negro
e  há o câncer dos símbolos 88 de saudações neonazistas
e há também o câncer dos símbolos das crendices iluminats
há o câncer dos pastores agressivos e rebanhos passivos a blasfemar
contra os casais homossexuais que ainda repetem os velhos papéis de macho e fêmea
há o câncer de professores públicos que lavam as mãos para a educação popular
há também o câncer dos artistas se enquadrando nos mercados do capital
mas, de fato, há um único câncer que nos ameaça a todos: a barbárie.

          Rio, 01/11/2011
Jorge Willian da Costa Lino


Por pura coincidência, as duas músicas retiradas do Youtube possuem um tom místico, mas estão presentes aqui ilustrando o poema porque tem em comum com este a crítica social. A primeira música, Depende de Nós, está no ótimo DVD acústico dos Engenheiros do Hawaii do ano de 2007, e a segunda era da banda brasiliense Aborto Acústico de onde saíram não apenas O nosso Renato Russo, mas também diversos integrantes das famosas bandas Legião Urbana e Capital Inicial. Esta dá uma interpretação definitiva para a canção Fátima. O vídeo possui imagens originais da banda misturadas a imagens recentes do nosso mundo "pacífico", daí os obamas e os bushs que interagem com o Capital. 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A AMANTE

Um dia ela chegará. Ela te abraçará e te beijará. Ela  te carregará pelos braços e, gostando ou não, ela te conduzirá por uma velha estrada.

Um dia ela te cobrirá de afagos, de carinhos, de carícias e, talvez, teu corpo nem assim a desejará. Repulsivo, ele procurará se afastar e, ainda assim, ela te apertará em seu ventre morno.

Um dia ela passará os dedos em teus lábios que docemente se fecharão e beijando se tornarão silenciosos. Só um suspiro será ouvido, e, ainda assim, talvez. E seus dedos também tocarão teus olhos que se entregarão ao escuro da noite. Seu corpo lésbico envolverá o teu, e o tempo, que hoje estar a bater dentro de ti, inerte se fará.

Um dia ela que te ama te conquistará, e tu, que tanto a afasta, já não saberás o limite entre teu corpo e ela. Neste dia já não saberás mais quem és. Mas descobrirás a parte oculta do que sempre chamaste de vida. Ela, a amante de todos nós.

   Jorge Willian

 Rio, 21/10/2011,  2h.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

CAI UMA PÉTALA

(Para uma amiga, "luz que não se apaga nunca")


Cai uma pétala
Caem as folhas
Mas a clorofila
Lambida pela luz
Transformou  em vida
A luz tragada pelo verde.



No invisível
Baila o carbono                  
 Rodopia até se oxigenar.
  No invisível tudo transcende
 Tudo transpassa   
Tudo se transforma
              Tudo se esvai.



                 
     Cai a pétala
     E a luz agora baila
     Em forma de invisível
    Gás que respiramos. 
  
Caíram as folhas
A luz invisível baila
Transformada
Misteriosamente
No ar-vida em nós.


Cai o visível
Mas pétala e folhas
Transmutadas
Pela luz que tragaram
São agora sutilmente
Gás-vida na dança
De tudo que há. 
 Rio, 21/10/2011  0h e 22m.

Jorge Willian


                  "Som que vai longe(...)/ Sempre com a gente (...)/ Brilho na escuridão/ Luz que não se apaga nunca/ Iluminação." (Olhos do Coração. Tunai e Sérgio Natureza)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

kratosfilia ( O Ciúme)

quero o poder autoritário, absoluto, ditatorial, monárquico,
quero todo o poder possível e o impossível também
o poder total eu quero
poder divino da deidade  mais poderosa
quero controlar este anárquico, subversivo, indomável
a batucar na cozinha do teu peito
este coração que não se dobra
que não ajoelha quando eu passo
que não agacha, não se submete,
que pula, salta, explode em risos
quero mesmo todo o poder, absoluto poder universal
quero domar teu coração, fazê-lo doméstico
domá-lo e tirar-lhe o ânimo
aniquilar o espírito a batucar
torná-lo paraplégico, arquejante
apropriar-me de seu espírito
quero, por fim, seu coração como o meu
morto.

jorge willian
12/10/2011 (4h e 23 m)

domingo, 2 de outubro de 2011

DOS REINOS DA MORTE E DA LIBERDADE (MITOLOGIA )

O Dia estava preocupado com a Noite que tardava a chegar. Ele já estava cansado e esperava ser substituído, seu turno já findara fazia mais de duas horas e a Noite nada de apontar. No dia anterior ela, que estava há pouco tempo na fazenda, também se atrasara e isto era um erro imperdoável pelo senhor de ambos, o Tempo. Este era implacável, costumava castigar todos que estavam ao seu redor, até mesmo seus filhos- o Agora, a Vida e a Lembrança-  temiam a fúria do velho patriarca. A Noite que não entrasse no eixo, não! Ia sentir o que era uma seção de chibatadas do senhor.

Escravo fiel que era, o Dia pensou em ir comentar com seu senhor que algo estranho acontecera, pois não era normal que a Noite não  viesse lhe substituir. Foi na direção da casa do Tempo, mas resolveu esperar mais um pouco: se o senhor ficasse zangado poderia chicoteá-lo e as últimas marcas ainda não estavam cicatrizadas. Passado mais alguns instantes, o Dia tomou coragem e foi até o seu senhor. Antes de bater na porta do Tempo, resolveu olhar pela janela- não queria interromper o patrão, caso este estivesse fazendo algo importante. Ao olhar para dentro tomou um grande susto: a Noite nua fazia gemer o seu amo. Sem chicote, ela açoitava o Tempo. O frenesi deste   era intenso e parecia, dentro do aposento do senhor, que o Tempo estava estagnado. Sem saber o que fazer, o Dia resolveu voltar para o seu lugar. Mas a sua fadiga cada vez era maior. Pensou em fugir, mas tinha medo do desconhecido e sabia que o Tempo com os seus capitães do mato, principalmente o velho Destino, o encontraria. Pensou no suicídio mas, como todo escravo do Tempo, tinha medo da fala mansa da velha Morte, a esposa do senhor.

Ainda pensava o que fazer quando viu a Noite caminhando toda faceira. E como estava bela! As estrelas de sua vasta cabeleira cintilavam ainda mais e ela cantava uma canção suave. Nesse instante, o Dia se apaixonou pela Noite, mas lembrou da cena em que esta  controlava o Tempo, virou o rosto e saiu correndo para o mato. A Noite sorriu sem nada entender. Sem pressa deitou-se e tudo escureceu. Fez-se um silêncio a sua volta.

O Dia a observava do mato e seus pensamentos ainda eram confusos. Queria, como a Noite, deitar e descansar profundamente. Queria mesmo deitar com a Noite e se entregar as suas carícias. Seria um sonho. Um devaneio. Mas isto provocaria o Tempo que se tornaria ainda mais cruel. E se o Tempo morresse? E se ele, o Dia, o matasse? Não seria possível. Ele sempre acreditou que matar é pecado mortal e que o trabalho, mesmo forçado e nas suas condições, era mais do que um capricho do Criador, era a pena justa por atos que a memória já não lembrava. Além disso, o Dia acreditava  que sua existência só era possível do lado do seu senhor.

Já estava quase na hora de substituir a Noite, e o Dia, tão preocupado que era, não queria se atrasar. Correu em direção à moça que, sempre sorridente, caminhou lentamente em direção ao riacho que ficava atrás da casa do Tempo. "Vê se não atrasa", gritou o Dia. Ela fez que não ouviu e pensou: "Coitado, vai morrer de tristeza se continuar assim. Muito medroso, bobo... não consegue viver sem domínio, sem controle.Tão jovem e parece ter o dobro da minha idade. Ufa, é muito ingênuo mesmo: não consegue perceber que o Tempo já está morto e que seu fantasma geme de medo encarcerado em seus aposentos. Logo logo  terá um novo senhor a lhe chicotear. Se fosse igual a mim, o Dia seria mais feliz. Não tenho medo e se precisar mato mesmo. Senhor nenhum encosta as mãos em mim para me bater e tentar me usar. Ontem foi o Tempo e me preparo para matar a Morte, aquela velha  com ar de boazinha mas que, de fato, comanda tudo isso aqui. Depois que der fim nela volto para meu reino, a Liberdade. Convidarei o Dia me acompanhar. Ele virá?".
        ***************************************************************

Acabo de ler no blog Angola: Os Poetas o poema abaixo e como o mesmo reflete sobre o tempo resolvi postá-lo aqui e, é claro, recomendar o blog que faz um belo trabalho de divulgação dos poetas angolanos.

                           A construção do tempo


mobilizo os poderes iniciáticos, à memória
subtraídos, os gestos
audazes que só o devir
perdoará, as ilusões temporãs, pobres lâmpadas
para sobreviver ao presente.
amanhã ,
um sinal qualquer, misterioso e sem nome,
dirá: aqui esteve alguém que, silencioso,
colheu o doce segredo das tempestades.
(João Melo)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

CINZA E VERDE

  Indo de cinza e verde para a vida.
 Se me verdes por aí em pleno sol amarelo
 desta primavera verde sem estar a cantar, 
 é porque o verde de fora não apaga o cinza de dentro.
        
          Jorge Willian        Rio, 30/09/11        
























  

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O TUDO E O NADA (DOS DESEJOS)

     O TUDO
Estava o Tudo a refletir sobre a existência
bateu-lhe uma certa angústia
e um desejo de nada ser
efetivando seu afã
passou a consumir-se
elementos consumidos um a um
até nada restar
entristeceu o Tudo
não conseguia consumir a última parte de si
o Nada que lhe resta.

Jorge Willian
Rio, 22/09/11  10h e 03m


     O NADA
Entristecido com o desprezo
de todos os entes e de todos os seres
estava a vagar o Nada
desejoso de preencher o vácuo da não existência
passou a usurpar os elementos que via
roubou a luz e a escuridão
sequestrou a vida e a morte
afanou as dores, as tristezas, as graças
subtraiu do tudo o todo
acreditou o Nada estar conquistando o Tudo
mas ao olhar para tudo que juntara
mais entristecido descobriu-se:
nada existia, nada era.

    Jorge Willian
Rio 22/09/11 10h e12m



terça-feira, 13 de setembro de 2011

POESIA, POLÍTICAS E PÓLIS


       OBSCURO
Acrópoles de Atenas, pólis grega
E o sol ainda brilha
Ilumina o escuro, o oculto, o escondido
Esclarece o território obscuro.
E sua luz alimenta as folhas
E crescem as copas das árvores
Estas produzem sombras
E o território escurece
Torna-se obscuro
Oculta as intenções.
Intenções ocultas, obscuras, escondidas.
A pólis se divide:
Uns querem sol,
Outros sombras.
Uns querem esclarecimento
Luz sobre os atos, sobre as intenções
Política da luz na pólis.
Outros dizem sombra
Intenções se ocultam
Política sobre as copas
No território para a pólis,
Para  "polítikos".

  Jorge Willian    
  Rio, 13/09/11 (12h 58m)
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SOBRE A PÓLIS

Pólis é a Cidade, entendida como a comunidade organizada, formada pelos cidadãos ( no grego “politikos” ), isto é, pelos homens nascidos no solo da Cidade, livres e "iguais". Nem tão iguais assim, pois eles tem diferentes aspirações tanto para si quanto para a Cidade.

A vida na pólis dividia-se em duas esferas: a privada, que dizia respeito a seu patrimônio, ao casamento, à sua família e expressa pela sua casa e a esfera pública, expressa pelo espaço público urbano (ou político, pois era o espaço da polis) e suas instituições. Estas, dado que deliberavam e executavam diretrizes e regras para a cidade, constituíam-se efetivamente como instituições políticas. De uma forma geral, ambas as esferas eram soberanas em si mesmas: assuntos privados não diziam respeito às discussões públicas, e vice-versa. Uma curiosidade interessante sobre a visão que os homens tinham sobre sua "cidadania": uma pessoa nascida em Atenas nunca diria "sou nascido em Atenas", ao invés disso ela diria "sou ateniense". Isso mostra que a relação pessoal com a pólis não era apenas com o território, mas era mais fortemente com a comunidade.
http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3lis)

sábado, 3 de setembro de 2011

DO SONHO (PARA GABRIELA, QUE PENSA SEM FIM)

Mudaram as cores das árvores? Que cores realmente elas tem? Sempre achei que eram verdes, mas agora olhando pela janela elas me parecem diferentes: tem diversas cores e andam e falam e se beijam e brigam... Que manhã esquisita! Acabo de acordar e o que me parecia ser não parece mais. Mudou o ser ou a sua aparência? O mundo mudou ou fui eu? Não, não. Talvez eu ainda esteja dormindo. Caramba, e se eu não estiver nem dormindo, nem acordado? Não, não, não saia, continue me fazendo companhia. Sei que parece loucura, mas eu posso mesmo não estar dormindo nem acordado. Sério: eu posso estar no sonho de alguém! Nossa, eu posso apenas ser um sonho! Ou melhor, nem isso: posso ser apenas parte de um sonho e ser assim tão insignificante quanto às árvores que estão lá fora andando. Aquelas árvores não-verdes de que lhe falei. Ah, não! Não queira saber se também mudei de cor nesta manhã para tentar confirmar alguma tese. Não quero nem saber de lhe confirmar nada. Só sei que dedilho neste teclado e nem vejo meus dedos. Mas isso não importa, também não te vejo!

Olha, olha, não fique assim preocupado- ou preocupada, sei la!- com o fato de meus olhos não te verem, isso não quer dizer nada. Você deve existir. Sim, deve sim. Como?! Você também não consegue se ver? As coisas para você também mudaram de cor, de gesto, de jeito? Será que não somos meras imagens do sonho de alguém? Estão nos sonhando  agora e quem dedilha neste teclado não é ninguém real, mas apenas uma personagem? E quem está lendo também não existe concretamente, mas apenas neste sonho de um sonho? É melhor parar... e acordar agora. Mas se o sonho acordar (acabar)? Viver no sonho é existir? Mas se o sonhador acordar, eu e você existiremos? Aí que angústia!!! Sonhar ou não sonhar é a questão? Acordar é melhor?! defendo que haja primeiro um acordo: a existência. Mas não somos nós que decidimos?! Então não podemos negociar nenhum acordo? Não! Como não?!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

11 DE SETEMBRO, UMA DÉCADA

Lembro que estava em uma escola pública e soube no intervalo que ocorrera um acidente com um avião. Ele havia perdido a direção e chocara-se com um prédio. Era em Nova York e parecia distante, mas era bem próximo, na verdade. Era aqui dentro.  Soube depois de outro avião que também se chocara contra um segundo prédio: era um ataque terrorista, disseram, e iniciava-se a década, o século e terceiro milênio. Mais tarde ouvi dizer que fora Osama  bin Laden, o terrorista que fora apoiado pelos EUA na luta contra a invasão soviética ao Afeganistão. Ouvi dizer também que houve uma implosão (ver o segundo vídeo no final da postagem) que se articulou com o ataque dos aviões em uma espécie de prova da teoria da conspiração.


Não era a primeira vez que um ato terrorista acontecia nos Estados Unidos da América, mas era chocante ver as imagens dos aviões explodindo nos prédios e, consequentemente, os derrubando. Lembro ainda de ter corrido para chegar em casa em busca de informações. Liguei a  televisão e fui absorvido pelas imagens. O caçula, com seus dois anos, chorava fazendo manha  e querendo atenção. Mas os olhos estavam vidrados nas imagens. Nossa, Alguém jogou-se do prédio!!! O olhar lacrimejou e, sem controle, chorei. O caçula percebeu que algo bem diferente acontecia com o pai naquele dia. Esqueceu da manha e, solidário, disse com a voz de criança: "Chora não, pai". "O que foi?" O que dizer nesta hora a uma criança quando não sabemos nem o que pensar? O que eu disse?  Não lembro. Tudo ficou tão confuso dentro de mim, assim como no mundo. E a confusão, há de se concordar, ainda permanece.

A história nesse dia negava a "tese do fim da história" iniciada por Hegel e retrabalhada por Francis Fukuyama desde a queda do muro de Berlim e da derrota dos países ditos socialistas.  No entanto, o 11 de Setembro demonstrou que era apressada a ideia de que o liberalismo e o capitalismo reinariam sem entraves e que, portanto, a história chegara ao equilíbrio e ao fim. Na verdade, a era Clinton e o crescimento econômico dos EUA já se mostravam esgotados. O neoliberalismo já produzira mazelas suficientes que dificultava a continuidade do ritmo de uma acumulação tão violenta de capital nas mãos de alguns sem que isto gerasse revoltas. Além disso, Bush filho havia sido eleito sob suspeita de fraudes e a crise de legitimidade começava a devorá-lo. O ataque terrorista até que lhe deu algum gás e um programa de governo para se recuperar. Invadir países considerados inimigos foi a principal resposta alimentada pelo nacionalismo e pela sede irracional de vingança e petróleo. Assim, o pouco de liberalismo político do país fundado em 4 de Julho foi posto de lado: prisões de populares que pediam paz, fortalecimento de grupos de direita, reeleição de Bush, invasão do Iraque baseada em provas falsas, torturas como método de Estado, maior fechamento das fronteiras e aeroportos americanos, prisões ilegais, perseguição de turistas, xenofobia. Tudo isso foi regado com muita verba (e dívidas) gastas em armas e em soldados. 

Muita verba, muitas armas, muita tecnologia e muitos soldados. Objetivo declarado era derrotar o terrorismo que ameaçava a nação estadunidense.  Prenderam e condenaram Saddam Hussein, mataram Osama bin Laden, mataram milhares de iraquianos e...  e, até agora, o resultado parece ser uma vitória de Pirro. Conseguiram afundar a economia, e a resistência dos inimigos ainda atrapalha o sonho americano de uma guerra rápida e com poucas baixas. Assim diminuiriam custos e os protestos domésticos. Mas não contaram com a resistência árabe e nem com os suicídios de seus soldados (as cifras oficiais contam 32 suicídios  só no último mês de Junho).

A  guerra rápida seria o sonho que também permitiria uma atuação em outras áreas do mundo. Dez anos de guerra no mundo Árabe facilitou um descontrole da política americana em outros lugares. Não é atoa que   tiveram que reativar em Julho de 2008 a IV frota para patrulhar as águas da América Latina. Venezuela, Bolívia, Argentina e até mesmo o Brasil se mostraram mais autônomos em relação ao controle dos chefes do norte. Não precisa ser um estrategista militar para saber que economia é importante para a guerra e que a política do porrete usada em todos os lugares não pode ser feita ao mesmo tempo.

Gastos gigantescos com guerras, propostas de mais guerras como solução para as crises, vitórias de Pirro, criações de novos inimigos ideológicos, mais gastos militares, crise estrutural da economia lideranças políticas sem projetos e com pouca legitimidade, aumento da dívida externa, concorrência econômica provocada pelo desenvolvimento chinês, manutenção das redes terroristas... problemas e mais problemas do maior império militar da história que a primeira década que se iniciou no 11 de Setembro deixaram claro ou fizeram nascer. O fim de uma história sempre é o início de outra. O bom e velho mano Caetano disse ainda no século passado que: "Americanos sentem que algo se perdeu/ Algo se quebrou, está se quebrando". Será que sentem?

Uma década passou rápida e a confusão instalada por ela inaugurou o século XXI. Será o da decadência estadunidense? Ninguém tem certeza de como acaba esta confusão, mas por aqui já começamos a trocar os hambúrgueres do McDonald´s pelo yakisoba  do China in Box. Mera coincidência?


       

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Em tempo: um dos motivos do prejuízo econômico com a guerra é o fato  dos EUA estarem usando mercenários. Empresas são contratadas para fazer o que chamam de segurança, mas na verdade fazem  a guerra. E os mercenários contratados por elas recebem muito, muito bem, principalmente se forem americanos e ainda geram lucros para as empresas que os contrata. É claro que o uso de mercenários em guerras é considerado ilegal por resoluções da ONU...mas  o governo estadunidense não se importa com a opinião deste órgão internacional.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

PULSARES: NÃO É CÉU, NÃO É SOL, SOMOS NÓS


PULSARES SOMOS NÓS
Não só pulsa o pulso
Também ele se agita
Bate
Rebate
Não pulsa só o pulso
Pulsam
Os pés, os olhos, o cérebro
As glândulas
O outro também pulsa o outro
O que me abraça pulsa
Que me beija
Pulsa  quem me esquenta 
O que me bate pulsa
que me ofende
pulsa quem me aferventa
O distante pulsa também
No ocidente pulsa também no oriente 
No norte pulsa no sul
E  pulsa o planeta gaia
Ele pulsa
Ela também
A estrela distante
Ela pulsa também
Pulsos
Impulsos
Tudo a pulsar
Pulsares soltos somos
Quasares juntos somos
E eles também pulsam
Césares
Mas pulsam frios
Gélidos
Rígidos
Lógicos
Pulsam sem pulsos impulsivamente
Metálicos
No céu com diamantes
Abraça-me
É fogo, não é sol, não é céu
É fogo, somos nós.

Jorge Willian 31/08/11 14h e 27m


Vítor Ramil compôs a canção Não é Céu. 
A  canção dele  mais conhecida também trata das coisas do céu  e chama-se
 "Estrela", que foi interpretada por Gal Costa e pelo próprio.