Amigos e/ou Leitores

sábado, 3 de setembro de 2011

DO SONHO (PARA GABRIELA, QUE PENSA SEM FIM)

Mudaram as cores das árvores? Que cores realmente elas tem? Sempre achei que eram verdes, mas agora olhando pela janela elas me parecem diferentes: tem diversas cores e andam e falam e se beijam e brigam... Que manhã esquisita! Acabo de acordar e o que me parecia ser não parece mais. Mudou o ser ou a sua aparência? O mundo mudou ou fui eu? Não, não. Talvez eu ainda esteja dormindo. Caramba, e se eu não estiver nem dormindo, nem acordado? Não, não, não saia, continue me fazendo companhia. Sei que parece loucura, mas eu posso mesmo não estar dormindo nem acordado. Sério: eu posso estar no sonho de alguém! Nossa, eu posso apenas ser um sonho! Ou melhor, nem isso: posso ser apenas parte de um sonho e ser assim tão insignificante quanto às árvores que estão lá fora andando. Aquelas árvores não-verdes de que lhe falei. Ah, não! Não queira saber se também mudei de cor nesta manhã para tentar confirmar alguma tese. Não quero nem saber de lhe confirmar nada. Só sei que dedilho neste teclado e nem vejo meus dedos. Mas isso não importa, também não te vejo!

Olha, olha, não fique assim preocupado- ou preocupada, sei la!- com o fato de meus olhos não te verem, isso não quer dizer nada. Você deve existir. Sim, deve sim. Como?! Você também não consegue se ver? As coisas para você também mudaram de cor, de gesto, de jeito? Será que não somos meras imagens do sonho de alguém? Estão nos sonhando  agora e quem dedilha neste teclado não é ninguém real, mas apenas uma personagem? E quem está lendo também não existe concretamente, mas apenas neste sonho de um sonho? É melhor parar... e acordar agora. Mas se o sonho acordar (acabar)? Viver no sonho é existir? Mas se o sonhador acordar, eu e você existiremos? Aí que angústia!!! Sonhar ou não sonhar é a questão? Acordar é melhor?! defendo que haja primeiro um acordo: a existência. Mas não somos nós que decidimos?! Então não podemos negociar nenhum acordo? Não! Como não?!

3 comentários:

Gabriela disse...

Jorge, que massa! Isso é pensar semfim; você pegou mesmo o espírito da coisa!
Vou voltar aqui noutro momento e divagar sobre os seus pensamentos (estou estudando loucamente para uma prova), mas desde já digo que fiquei muito feliz!
Que legal motivar as pessoas dessa forma, não achava que isso era possível.
Grande abraço! =)

Jaqueline Ferreira disse...

que beleza poder sonhar que ''Sonhei
Que estava sonhando um sonho sonhado
O sonho de um sonho
Magnetizado
As mentes abertas
Sem bicos calados
Juventude alerta
Os seres alados
Sonho meu
Eu sonhava que sonhava
Sonhei
Que eu era o rei que reinava como um ser comum
Era um por milhares, milhares por um
Como livres raios riscando os espaços
Transando o universo
Limpando os mormaços
Ai de mim
Ai de mim que mal sonhava
Na limpidez do espelho só vi coisas limpas
Como uma lua redonda brilhando nas grimpas
Um sorriso sem fúria, entre réu e juiz
A clemência e a ternura por amor da clausura
A prisão sem tortura, inocência feliz
Ai meu Deus
Falso sonho que eu sonhava
Ai de mim
Eu sonhei que não sonhava
Mas sonhei''

parabens moço pela tua sensibilidade em perceber o que um senhor de nome Freud levou 30 anos escrevendo e estudando: o sonho...é pra ser sonhado, acordado...após acordar será voce? a vida é sua...voce é voce mesmo? que questões humanas e atrevessadoras da existencia. Adorei!

Jorge Willian da Costa Lino disse...

Jaque, adorei a lembrança do velho samba da(o) Vila. E Freud então gostaria, né?!