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sábado, 30 de março de 2013

DIA DE ÍNDIO NÓS

Todo dia
era dia
de índio livre
agora
é dia
de índio preso
todo dia
era dia
de índio eles
agora
é dia
de índio nós.

RIO, 30 DE MARÇO DE 2013

sábado, 23 de março de 2013

ALDEIAS MARACANÃS E TACAPE

Segue o poema ALDEIAS MARACANÃS do autor deste blog  e  letra da canção, TACAPE, de Zeca Baleiro, que trata do tema da desigualdade e do domínio social. A canção está no ótimo CD  chamado O Coração do Homem Bomba volume 2. Quem quiser ouvir a música bastar clicar no link que está no final desta postagem. 




ALDEIAS MARACANÃS

Assim nossa democracia se revela:
velado domínio empresarial
demagogia e força policial
contra o povo quando se rebela.

E o jogo não é a brinca, é a vera
granadas e tiros versus berimbau
tacapes e pedaços de pau
mas que outra coisa se espera?

São bilhões de moedas em construções
E brindes de governos empresariais
Que ao povo tranca os portões

Índios e pobres são para eles bossais
Entulhos para depositar em lixões
De nossos campos e capitais.

JORGE WILLIAN

Rio, 23 de Março de 2013


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TACAPE
(Zeca Baleiro)

você tem quase tudo
quase tudo que lhe basta
e eu carrego em meu nome
a fome que me devasta

você tem quase tudo
quase tudo que o sacia
e sua fala feito bala
não me cala silencia

você tem o veneno na ponta da língua
ódio cego cresce em sua alma feito íngua

se o mundo não for seu
não será mais de ninguém
se o mal é meu
é seu também
se o mundo já foi de deus
hoje deve ser de alguém
se pertence aos seus
aos meus também

você tem tudo
quase tudo em sua mão
voz e vez e mais o escudo da razão
mas você não sabe fazer canção


Link: http://www.vagalume.com.br/zeca-baleiro/tacape.html#ixzz2ONfCiLyi




segunda-feira, 18 de março de 2013

SIM, SEMPRE HOUVE UMA IMPRENSA GOLPISTA


JOÃO UBALDO recentemente escreveu um texto para o jornal do qual participa, O Globo, dizendo que a imprensa não é golpista. E teve a coragem também de tentar nos enganar dizendo que a elite dominante não quer derrubar governos. Confundindo o leitor com a mágica argumentativa que a elite política não daria golpe em si mesma. Mas quem disse que a elite em questão é só a política? O texto é bom apenas para percebermos o quanto faz a imprensa golpista, isto é, boa parte da imprensa empresarial, para se esconder do seu passado e suas ações recentes. E Ubaldo, que recebe salários há muito tempo do jornal O Globo, chega a ser ridículo tentando negar o que já se tornou óbvio, ridículo tentando confundir a população que começa a saber dos fatos. E não afirmo, antes que alguém diga que estou apenas contrapondo ao seu pensamento apenas mais um outro qualquer (tempos de versões pós-modernos) apenas por se de esquerda, mas porque UBALDO tenta negar o que já está para lá de provado. Eu disse PROVADO. Muitos já devem ter ouvido falar de livros e vídeos documentários que comprovam a participação da mídia em golpes na América Latina, inclusive no Brasil. Cito e sugiro, pois estamos lendo os jornais e seus colunistas pagos, o livro "1964, A Conquista do Estado" do brasilianista René Dreifuss. Este livro contem mais de 200 páginas de documentos além de 500 de textos. Os documentos comprovam a participação. Antes de contestar seria bom ler o livro que é encontrado em qualquer sebo e foi produzido para uma tese nos EUA sobre o Brasil. Muitos documentos, inclusive, estão em inglês , pois foram produzidos no país que apoia golpes preventivos em defesa do sistema capitalista, os EUA. A atitude do escritor tentando defender o meio de comunicação (formatação) do qual participa demonstra a preocupação da velha imprensa com o que está acontecendo através das redes sociais: as informações sobre os donos do poder  estão chegando onde eles não queriam, na maioria da sociedade.

domingo, 10 de março de 2013

E ELA RIU


Ela riu.
E riu porque nada conhecia
riu durante o dia cheio
e pela efêmera noite vazia.
Ela riu
sem saber que o riso cria
tristezas além do gozo
sofreguidão além da calmaria..
Ela riu.
E riu porque  desconhecia
a vida e seu lado morte
a fonte de dor e de folia.
Ela riu
e o riso é sem garantia
de paraíso eterno
ou de fugaz alegria.
Ela riu
e no riso esquecia
os caminhos das coisas
e das coisas que fazia.
Ela riu
e eu por garantia
interroguei-me sobre o som
do riso que ouvia.

Jorge Willian
Rio, 10 de Março de 2013 (1h e 57 m)

sábado, 2 de março de 2013

VIDA SEVERINA

É madrugada e chove. A chuva é fina e suave. Certamente apenas chuvisco. O calor intenso que fazia deu lugar a uma temperatura amena. Tudo, pois, parece tranquilo e suavemente apaziguado. Parece, mas não é. Posso afirmar que neste exato momento algum delinquente deve estar jogando fogo em algum índio que ainda sobrevive em suas antigas terras. Ainda posso afirmar que está ocorrendo algum assassinato político neste exato momento no país. Que algum proprietário contratou algum assassino de aluguel par preservar algumas de suas propriedades ou tomar as terras alguém. Além, é claro, do assassinato não-politizado, coisas  das paixões ou coisas de marginais. E posso , sem ter visto, afirmar que deve ter algum playboy espancando mendigos e provavelmente os matando. Sei também que alguns desaparecerão esta noite e que seus corpos serão incinerados. E que  uma turba sairá pelas ruas e, tendo oportunidade, lincharão um ladrão de galinha qualquer. É madrugada. A chuva é fina. É suave. É lenta. E a  vida é severina. Terras brasileiras. Aniversário do Rio.
Rio 02 de março de 2013  (2 horas e 58 minutos)