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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

E ele achava tão frágil a vida

E ele achava tão frágil a vida desde que pensou  certa vez nas borboletas. Tão belas e tão frágeis e tão efêmeras. Cuidou de não deixar a vida cair, para não vê-la em cacos, como as taças de cristais que mãos bêbedas derrubam com alegria. Para não vê-la desbotada, não a expôs ao sol quente dos verões que com seus raios dão cores e também retiram. Com bravura protegeu a vida intacta, sem fraturas, cortes, dores e paixões, que estas quebram mais do que os porretes ou acidentes de aviões. A vida intacta, pois, não sofreu fraturas, não machucou-se, não foi rasgada, não foi cortada, não foi triturada, não foi vivida. Não morreu nenhum dia e perdeu os brilhos do sol.

Jorge Willian
Rio, 05/12/2011 (13h e 47m)

5 comentários:

Gabriela disse...

"A vida passada e não vivida é vida morrida, por assim dizer. É como a morte chegada antes da hora (antes da hora?); a morte vivida da vida morrida, é morte sem vida, é nada. Morte por antecipação, morte por anulação; nem matada nem morrida, morte por falta de paixão à vida, por temê-la, também."

De que vale todo o zelo, então? Coincidência que acabei de ler e postar as palavras de Ricardo Reis dizendo:

"Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afetos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem, e não deseja,
Homem, é igual aos deuses"

Abraço, Jorge!

Jorge Willian da Costa Lino disse...

Valeu, Gabi, gostei muito. Deu vontade de publicar junto com o texto (além de comentários) pois , apesar da diferença de estilo, o teu "a vida passada e não vivida é vida morrida..." caiu como uma luva. É um texto meio que irmão.Um abração!

mariza lourenço disse...

melhor viver feito borboleta, eu acho, suponho. pensando bem, eu adoraria ser uma borboleta... *:)))
adorei sua prosa, Jorge!
gostei demais do seu passeio em meu blogue, sinta-se bem-vindo por lá pra tomar uma.
abraços.

Jorge Willian da Costa Lino disse...

Valeu, Mariza, passo sim, até porque gostei muito.

Mara Lilia disse...

Gostei demais, me fez refletir!