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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O AMOR DAS PEDRAS E DAS ÁGUAS

A pedra avermelhou-se envergonhada
diante das carícias daquela gota de chuva
a gota aproveitou a oportunidade
da fenda que se abriu ruborizada
tudo foi tão intenso e caloroso
que a pedra avermelhou-se extasiada
da gota sabe-se que sumiu
evaporou-se ou foi tragada
Rio, 17/08/11 (0h e 1m)

Cheirava-se a pedra
desejosa de gafanhotar-se
cheirava-se e se desiludia
tinha cheiro não de pulo
só de rocha miúda
0h e 7m.

Inveja de pedra
tentar segurar as águas
e vê-las descendo
rindo todas
na direção do mar
0h e 14m

Inveja das águas
habitantes do movimento 
pedras tem raízes
habitam o parado
saboreando tudo que passa
0h e19 m

a pedra liquidificou-se
ou a água apedrou-se?
0h e24m

das pedras só conheço a liquidez
das águas conheço nem as pedras
mas acho que aquela pedra
e as águas deste riacho
estão copulando logo ali
coitado de quem não vê
o amor quando mostra-se
0h e29
  Jorge Willian

Aos mestres João Cabral e Manoel de Barros (meus minerais poéticos) 

3 comentários:

Edmilson Borret disse...

E viva a educação pela pedra! E viva a gramática expositiva do chão! :)

Rodrigo Fernandes disse...

Palmas, Jorge!

Rodrigo Fernandes disse...

E que venham mais pedras: poéticas ou na vidraça de quem merece.