Amigos e/ou Leitores

terça-feira, 23 de agosto de 2011

REFLEXO

Aos crentes que em nome do amor odeiam o diferente
Aos ateus que em nome da certeza acreditam tanto
Aos teístas que tomaram os deuses para si
Aos ateístas proprietários da razão
Aos que acreditam sentindo-se deuses
Aos que duvidam ao ponto de ter  fé na dúvida
Aos que não querem ter ciência
Aos que tornam a ciência religião
Aos assim apaixonados
Ofereço o reflexo invertido do outro.
     Jorge Willian 
 Rio, 23/8/11  2h e 35m

                                     LEANDRO KONDER (Filósofo Marxista)

P 25-27: "A ciência do século XIX confiava demais em si mesma: com excessiva facilidade, dispunha-se a julgar todas as épocas passadas e se sobrepunha a sua própria época. Faltava-lhe um espírito autocrítico suficientemente alerta(...) o francês Ernest Renan, anunciava no livro L'avenir de la science o começo de uma nova religião: a religião da ciência. E assegurava que os cientistas dariam aos seres humanos todas as explicações exigidas por sua natureza.
(...)
"Marx procurou se insurgir contra a mitificação da ciência, contra a visão da ciência como um saber "imparcial", descomprometido (...). Contudo (..) não foi suficiente para lhe permitir a criação de uma concepção de ciência capaz de  funcionar, tranquilamente, como alternativa para aquela que rejeitava.
"(...) O que é "científico" hoje corre o risco permanente de deixar de sê-lo amanhã. Portanto aquele que se dispõe a falar em nome da ciência não deve ser arrogante."
(...)
P 53: "(...) A religião era o reflexo necessário de uma realidade social que precisava ser transformada.(...)."

In: Konder, Leandro: O FUTURO DA FILOSOFIA DA PRÁXIS: O PENSAMENTO DE MARX NO SÉCULO XXI. Editora Paz e Terra, 1992.

3 comentários:

Divina disse...

Nao sou crente e nao sou esse tipo de atei, mas sou ateia e nao acho, ao contrário de muitos conciliadores, que a ciência e a religião devem, ou tenham como, se dar as mãos e tornarem-se aliadas. Respeitar os religiosos sim porque acho que e nosso dever básico respeitar o outro, mas em nome desse respeito acatar os absurdos da religião e me abster de discuti-los? Acho que isso seria desonesto, e que pode des. âmbar em uma tolerância permissiva; posso me tornar aquele que nao faz nada de que fala Brecht...

Divina disse...

Dascambar... O IPad inventa sempre de mudar o que a gente escreve, fora o fato de nao acentuar...

Jorge Willian da Costa Lino disse...

Não creio que a questão ainda seja da tolerância dos velhos iluministas. Ela me passa a ideia de que se tolera o outro não porque colocamos um interrogação em nosas certezas, mas para conviver com aquele que já achamos estar errado. O poema é uma provacação às certezas absolutas que movem as paixões. Não há nele nenhuma proposta conciliadora. Há, de fato, uma crítica às duas posições que se movem de forma parecidas em caminhos aparentemente opostos. Acho que a ciência atual produziu algo interessante ao demosntrar que tudo se transforma e que suas próprias verdades negam-se constantemente. O resto, acho, é crença. Religiosa ou científica. daí o tal "reflexo invertido do outro". Pus pedaços do texto do Konder, que é um marxista (e, portanto, crítico do idealismo)criticando o absolutismo científico para demonstrar que a crítica dialética é salutar mesmo para quem defende a Ciência como parâmetro para o conhecimento