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terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Nova Direita e O Golpismo

A Direita latinamericana sempre tentava resolver a sua perda de hegemonia com golpes que a levasse de volta ao poder. Para isso precisava sempre minar o apoio popular que governos recebiam. Isto não seria tão trágico se esta prática já estivesse enterrada nos livros de História. Mas a tragédia continua, como um monstro, a nos agredir. Isto ocorre tanto na Venezuela, quanto na Bolívia ou no Brasil. Naqueles países há uma clara  luta de classes e de etnias . Mas no nosso caso, é a tentativa de "golpes democráticos" de uma Nova Direita(1). Golpe de uma das frações do grande partido burguês que nos governa desde a redemocratização de 1985. Em todos os casos, naqueles países ou no nosso, o apoio da grande mídia aos golpes está sempre presente. Vejamos.

A direita- agora travestida de Nova Direita  (ou de centro direita)-  capitaneada pelo PSDB, tenta armar um golpe em uma eleição  que, como já disse nesse blog, nada vai mudar de fato. Ela apenas tenta restabelecer os domínios perdidos para uma outra fração da elite política. Sabemos todos que aqui no Brasil não  está ocorrendo grandes mudanças. Mas é que a fome de poder e de vantagens econômicas é muito grande. Podemos pensar em Weber e na autonomia relativa da luta partidária.

A Nova direita tem um papel empresarial a cumprir: diminuir o tamanho do Estado e dos tributos. A luta principal é de nos convencer de que os brasileiros (leia-se, os empresários) pagam muitos impostos. Para executar seu papel, a Nova Direita quer, de qualquer forma, ganhar as eleições, nem que para isso tenha que golpear o que ele chama de democracia e por em risco a hegemonia burguesa conquistada com o governo Lula. E isto só é possível porque sabe que a classe trabalhadora foi anestesiada por este mesmo governo que conta, para isso, com o apoio de algumas igrejas e do circo televisivo das novelas e do futebol. Além disso, há as bolsas famílias para completar o lema romano:  panis et circenses, pão e circo...muito circo,  pouco pão. 

Esta  Direita hoje fala de vazamentos como se ela não soubesse desse fato já há muito tempo. Há, inclusive, reportagens feitas no ano passado em que o seu candidato , o sr. José Serra, dá entrevista dizendo que existem milhões de dados vazados. Na reportagem ficamos sabendo que até com a primeira dama da república isto ocorreu. Mas a Nova Direita finge hoje que não sabia que o ex-ministro (Tarso Genro) da justiça e o atual ministro da fazenda (Guido Mantega) também tiveram seus dados vazados. Até Lula e seus filhos e o presidente do Supremo Tribunal Federal são vítimas deste tipo de crime.

A Nova Direita, que tem espírito da velha  UDN, tentar dar golpes em eleições que, já sabemos, nada têm de democráticas. Vivemos em uma plutocracia e o golpe ensaiado é meramente parte de uma disputa pela hegemonia política. É apenas uma tentativa da burguesia paulista de manter a sua hegemonia sobre o resto do país sem que haja risco. Sem que os impostos deixem de continuar sustentando obras que beneficiem o grande capital.

A Direita da Venezuela, apoiada pela classe média, teve medo do descontrole e, por isso, tentou se utilizar, em um passado recente, do golpe de estado. Agiu como sempre fez a velha Direita e fez isso porque tinha medo de que o processo político escapasse do reformismo de Chavez. E ainda hoje tem medo. E seu medo tem uma certa razão: são milhares de trabalhadores nas ruas lutando  por reformas. E a direita, velha ou nova, sempre teme o povo nas ruas.

A Nova Direita brasileira não tem medo das nossas ruas. Estas, desde o advento do governo lulista, estão vazias de lutas classistas e cobertas de fumaças de carros novos, o sonho da nossa classe média. Só isto explica a insensatez da paulicéia de querer dar golpes em uma sociedade já hegemonizada pelo grande capital. Esquecem que estes já ofereceram mais de 25 milhões para a sua candidatura  só porque o PSDB tem lutado mais abertamente pela diminuição dos tributos empresariais. Mas pelo sim e pelo não, a candidatura lulista que oferece migalhas aos pobres (bolsas), já recebeu mais de 40 milhões do grande capital para a sua campanha. 

A Nova Direita tenta golpear as eleições e a mídia acoberta mais esta tentativa. Fizeram o mesmo nas eleições de 2006 (veja a revista Carta Capital da época), mas o grande capital precisava de Lula para estabelecer a sua hegemonia. Tiveram medo do terceiro mandato e acharam que já podiam trilhar o caminho da luta contra os impostos. Mas escolheram mal. Seu candidato consegue ser mais fraco do que o "poste" escolhido por Lula. É antipático, arrogante e lhe falta um guru que não tivesse se queimado na presidência, que é o caso do "príncipe" FHC. O poste, pelo menos, tem a luz do guru torneiro mecânico Lula. E este estar a conduzir a massa anestesiada e faminta de sonhos e esperanças. O Caminhão do golpe emplacado em São Paulo acelera na direção do poste. Este resistirá ao golpe e se manterá de pé  ou tombará? E o motorista barbeiro-louco,  conseguirá seu intento ou se quebrará todo? Brevemente saberemos. É o circo de nossa plutocracia.

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PS: A Nova Direita dá entrevistas e logo finge que esquece que deu. Para este esquecimento conta com a  ajuda da grande mídia que nada investiga sobre seu candidato. Mas segue uma reportagem mostrando o que os "golpistas democráticos" gostariam de esconder. Nela, vemos o candidato da Nova Direita deixando claro que já sabia dos vazamentos e que estes atingem pessoas que estão além de sua prole e de seu ciclo de amizades. Segundo ele, são milhões de pessoas que estão no mesmo caso. E tudo começou em SP, estado que está sendo administrado pelo PSDB há mais de uma década. Espero que o vídeo ajude a  refletir sobre o caráter golpista do complexo partidário da Nova Direita,  PSDB-PPS-PV-DEM, partidos que estão unidos, apesar de se separarem para melhor atuarem e para uma disputa interna deste mesmo complexo.


(1) Neste texto, o termo Nova Direita foi utilizado para designar uma direita que não tenta golpes armados (por enquanto), mas que se utiliza do discurso democrático.

2 comentários:

Giovana disse...

Realmente ontem ao conversar com vc na escola e agora lendo essa, mais uma vez, magnifico texto, eu entendo que você tinha razão ao criticar o email que eu te mandei referindo-se a Dilma.
Não sei se votarei nela, no Serra ou em qualquer um deles ainda o que sei é que agora entendo a sua posição e acho q vc tem toda razão.
Essa mulher, esse "poste" como vc se refere não está onde esta hj a toa.
E se há criticas dela e do LULA em diversos emails na internet, e olha que não são poucos, também deveria haver dos demais, uma vez que também cometeram erros gravíssimos no passado.
Obrigada por me ajudar a entender um pouco melhor esse assunto.
Bjs

Jorge Willian da Costa Lino disse...

Valeu, Geovana,
Só alguns esclarecimentos antes que outra pessoa possa confundir (rsrsrs): Me referi a Dilma Como um poste depois de ter lido um comentário da direita que defendia o Serra e fazia uma crítica ao Lula dizendo que este, de forma arrogante, havia dito que elegeria até um poste. Acho que o crítica é mentirosa, mas de qualquer forma, o poste tem - segundo as pesquisas- a preferência da maioria das pessoas.
Não creio que a Dilma seja uma marionete ou uma nulidade como nos quer fazer pensar a mídia e o seu candidato. Acho pior: os três candidatos (Dilma, Serra e Marina) não são nulos, são negativos, abaixo de zero. E isto não tem ligação com a falta de inteligência. Todos são muito inteligentes. Mas possuem inteligências de serviçais dos senhores. E podemos incluir aqui as inteligências de FHC e de Lula. As inteligências dos dois e de seus seguidores estão servindo aos grandes poderosos do Brasil. Eles se propõem a serem meros gerentes/administradores dessa grande empresa (Brasil s.a.) que está sobre o controle de banqueiros, industriais, comerciantes, latifundiários...que só visão o bem comum..deles! é claro.
Por outro lado, vc mesma já percebeu que há uma campanha via internet (além da grande mídia) que tenta nos "polítizar" contra o PT, mas poupa todos os outros partidos burgueses. Estranho, não?! A quem serve essa campanha? O que fazemos a reproduzi-la de forma acrítica?
Um abração.