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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

DAS PEDRAS

São tristes as janelas
que permanecem barreiras

Na janela os pingos soam
e descem tristes
o vento bate
e travado volta
o olhar transpassa
mas retorna fosco
a pedra não
ela ultrapassa a fronteira
dissolve o entrave
destrói o estorvo
sonoriza sua passagem
atinge seu desejo
estilhaça o vidro.

Há pedras, porém
entristecidas no caminho
não se movem, não voam
seus desejos calam
não conhecem as janelas intactas
que gritam de emoção e de alegria
quando espatifadas
quando cacos no chão
quando tornam-se cortantes
quando irmãs de pedras que quebram
quando amantes de pedras vivas.

Janelas odeiam pedras mansas.


Rio, 23/11/11 3h e 08m
Jorge Willian

3 comentários:

Edmilson Borret disse...

"Janelas odeiam pedras mansas".... Bela imagem! Parabéns!

Edmilson Borret disse...

Me lembrou de uma letra da Ana Carolina, de quando ela ainda escrevoia coisas maneiras...

"Atirei uma pedra na sua janela
E logo correndo me arrependi
Foi o medo de te acertar
Mas era pra te acertar
E disso eu quase me esqueci
Atirei outra pedra na sua janela
Uma que não fez o menor ruído
Não quebrou, não rachou, não deu em nada
E eu pensei: talvez você tenha me esquecido
Eu só não consegui foi te acertar o coração
Porque eu já era o alvo de tanto que eu tinha sofrido
Aí nem precisava mais de pedra
Minha raiva quase transpassa a espessura do seu vidro "

Rodrigo Fernandes disse...

Marcelo Yuka concorda contigo. O vi numa entrevista declarando que gostaria que as ideias voltassem a ser perigosas.