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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

SILÊNCIO

Lá fora o silêncio absolutista a tudo calou. Respiro lentamente para abafar o som que meu diafragma produz, e mesmo assim não ouço nada vindo lá de fora. Deve ser assim a morte: um silêncio tão absoluto, o som da inércia da velocidade zero.

Nem um som se faz, nem mesmo dos pássaros, ou das lâmpadas nos postes. Nem mariposas em busca de luz, nem pirilampos produzindo as suas. O silêncio calou as luzes. E calou os movimentos de quem as busca.

Acho que só existe mesmo o som daqui de dentro. Este som que sinto internado em meu ser. Este som suave de dar medo. Que parece nunca findar, mas que não sai de dentro, mesmo que eu abra boca ele se mantém aqui. Ou melhor, lá dentro de mim. Bem lá dentro. Sei que ele existe porque o sinto, pois, para ser sincero, não o escuto. Mas ele existe sim. Não só o som do diafragma, mas do sangue lento nas veias, do coração distante e do pensar calmo do cérebro. Sinto de tal forma que não há como não existir o som.

Mas é um som contínuo, também inerte, de um movimento maior que zero. Porém muito lento. E quase não produz luz também, é de uma penumbra irritante, pelo menos no início quando a percebi, mas  quando me acostumei com ela  forcei menos a miopia que sempre me acompanhou. Por falar nisso, não deixaram meus óculos perto do meu corpo, só estas flores que me causavam alergia.

Jorge Willian
Rio, 23/01/3013

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