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domingo, 10 de julho de 2011

A Classe Média e os Poetas Maiakóvski e Bertold Brecht


A hilariante canção de Max Gonzaga nos permite refletir sobre um grande setor da sociedade brasileira e sobre a mídia como formadora de opinião. Alguns  se reconhecerão como inspiração do compositor e, orgulhosamente, irão se sentir como as musas dos grandes poetas do século XIX. Embora estejamos no tempo do "poetariado" sem blusa e sem musas, os indivíduos da classe média ainda acham que o mundo foi feito para eles e se esquecem de olhar para além do espelho.

A Música de Max me fez lembrar do poeta russo Maiakóvsi e seus poemas políticos. A preocupação do poeta na poesia conhecida  como Caminho era  nos fazer pensar sobre as atitudes que (não) tomamos diante de determinadas  situações em que o silêncio é sinônimo de conivência com a violência que nos afrige. Em um exercício de intertextualidade, o poeta alemão Bertold Brecht escreveu também um outro poema político em que nós faz pensar sobre a (não) atitude que tomamos perante os que são agredidos a nossa volta, até que... Abaixo o leitor pode assistir a três vídeos: o primeiro com a música de Max, o segundo com um pequeno filme com o poema de Maiakóvski e o terceiro com uma belíssima interpretação do  poema  de Brecht feita pelo ator Ítalo Rossi, que está também poeto por escrito no final desta postagem.
 













    SOU CLASSE MÉDIA (MAX GONZAGA)

               MAIAKÓVSKI

           BERTOLD BRECHT
Primeiro levaram os negros.
Mas não me importei com isso.
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso.
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho meu emprego, também não me importei.
Agora estão me levando.
Como eu não me importei com ninguém.
Ninguém se importa comigo.
       Bertold Brecht (1898-1956).

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