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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ABSTRAÇÃO e JUBIABÁ

ABSTRAÇÃO

(Para o Amigo e Irmão Nestor)

Existe o ser em si
Ou o ser no mundo?
Ser em si, é claro, uma ilusão,
 Uma abstração.

Mas estando no mundo,
Sendo ser-no-mundo,
Posso esquecer o outro
E tornar-me apenas ser-em-mim?

Sonho da individualidade,
Abstração de querer ser sem estar,
Utopia que se ilude e se esquece
Que a plenitude do ser em si
É ser no mundo.

 Rio, 27 de Maio de 1991.




JUBIABÁ

( para Jorge amado)

A noite cai sobre o morro
As luzes dos barracos acendem
Estou nos olhos do negro Balduíno
Quando miram o poema concreto
Feito pelo natureza e pelo homem pobre desse país,
Mas onde digo natureza leia-se Brasil.
A noite cai sobre o povo
(Não a noite dos generais)
Que mesmo assim cria poesias,
Onde digo noite se ouve pobreza
E onde digo poesia literalmente é poesia mesmo,
Ou outra coisa não seria
Sobreviver aqui e, apesar disto,
Criar a vida e a felicidade?
A poesia maior desse país
Cujo poeta maior é o povo
É escrita de noites, luzes e jubiabás. 
  
  Rio, 01 de junho de 1991



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