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quarta-feira, 25 de maio de 2011

A VIDA NA TELEVISÃO (TEXTO E MÚSICA)

A VIDA COMO ELA (NÃO) É  

Vemos a vida não como ela é, mas como ela se mostra e quer ser, que a vida- mulher tão vaidosa, tão preocupada com a aparência- quer se mostrar: flores, bebês, luas, sois, estrelas, risos, fartura. Esconde a vida, com suas maquiagens, as marcas do tempo, as suas rugas e seus sofrimentos: mortes, carnes podres, faturas, enchentes, secas, fomes. É assim a vida em um canal de televisão. Mulher sofrida, prostituída, mas sempre a sorrir e a nos encantar. Nos apaixonamos por ela e, encantado que ficamos, deixamos a moça nos conduzir. E ela o faz bem, tão bem que nem percebemos a quem serve esta mulher. Seu cafetão não se importa com quem ela dorme, mas impõe que seja com muitos (nós todos se possível), pois assim seus lucros aumentam. A vida na televisão é bela, é fútil, é encantadora, é real, é falsa, é prostituída. Encantados, nos deliciamos com esta vida erotizada, esquecemos nossas próprias vidas, e gozamos no esquecimento. Assim é a vida como ela (não) é!   
      Jorge Willian


Tevê
(Zeca Baleiro e Kléber Albuquerque)  

Um filme na tevê
Um corpo no sofá
Um tempo pra moer
o vidro do olhar                                                                        
E a vida a passar
A vida sempre a passar
Passar

Olhando a estrela azul
azul da cor do mar
Comédia comum
ou um drama vulgar
E a vida a passar
A vida sempre a passar
Passar

Comercial de xampu
Cerveja e celular
Modelos para crer (Mentiras para crer)
e credicard
A consumir a consumir
A consumir o olhar
O olhar

Olhando a estrela azul
Um quadro a cintilar
Vendendo ilusões
a quem não pode pagar
E a vida a passar
A vida sempre a passar
Passar

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