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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Silêncio!!!

         
               É madrugada...
               Silêncio, o poema não pode falar!!!

              O galo canta!
              O relógio tictaqueia,
              Zumbi o reator da luz florescente.
              Silêncio,
              É madrugada!

             Aqui também há o glugluismo da bomba do aquário
             E há também a chato do mosquito
             E as mãos que o caçam (tápata!!! erraram)
             Silêncio... o poema não pode gritar...

             Mas há o baticum do coração,
             O ladrar do cachorro,
             Talvez um pega-ladrão,
             Risos internos quase que sonoros
             De rir do Silêncio eu quase morro...
             Silêncio... o poema não pode nem balbuciar!

            É madrugada
            E quando silencia o poema
            A vida, antes oculta, no descoberto
            Balbucia, fala, grita
            Arromba o Silêncio e invade,
            Com sua guerrilha sonora,
            O som do Nada sempre presente
            Silêncio!!!
            Silêncio nada
            Amanhecemos cantando.
                         
             (Para Francisco, Gilberto e Raul que apesar do Silêncio não se calaram)

                                     Rio, 05 de Setembro de 2003



                    O poema mostra um "diálogo" interno entre o silêncio(o nada) e som (o algo), entre o som do nada e o silêncio. Foi escrito na mesma madrugada do poema postado anteriormente e carrega um pouco da influência mística de Osho e Heráclito. Mas o poema é também uma reflexão sobre nossa história recente, a ditadura empresarial iniciada em 1964 e, por isso, pensei em chamá-lo de "Ditadura". Francisco e Gilberto também nos disseram que mesmo com o "Cálice" do período ditatorial o peito e a cuca ainda gritavam. nada mais justo, pois, do que a dedicatória. Sem esquecer da mosca na sopa do Raul, atual mosquito caçado no poema.

    
                 
         

2 comentários:

Rodrigo Fernandes disse...

Professor,

Belíssimo poema, bem simples (sem jamais ser simplório), bem próximo de quem lê, em resumo, bem drummondiano. Aliás, creio que a explicação do próprio poema acabou sobrando. Drummond defendia que o poema deve se explicar por sí, intento que "Silêncio!!!" alcançou perfeitamente.

Continue na batida.

Abraços

www.aovinagrete.blogspot.com

Giovana disse...

Não tenho palavras caro poeta de dizer o quanto amo passar por aqui e ler essas maravilhas que você escreve. Simplesmente Sensacional