Amigos e/ou Leitores

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PIG, TSUNAMIS E MAROLAS (A IMPRENSA GOLPISTA)


                                         
 Acho que o vídeo que apresento agora é muito didático no que diz respeito ao papel da grande imprensa e da oposição de direita. Creio, porém, que é necessário um esclarecimento sobre a sigla P.I.G. (Partido da Imprensa Golpista) que foi formulada na tentativa  de denunciar uma das funções políticas que une a maior parte da imprensa empresarial com a política partidária. O P.I.G. usa do seu poder ideológico para, de forma "porca", tentar impor ao público seus candidatos e seus interesses privados. O P.I.G. seria um verdadeiro partido formado pela imprensa empresarial e apoiado por outros grupos de empresas que financiam seus interesses.

Não é difícil perceber que o que este grupo da imprensa publica é retransmitido pelo candidato do neoliberalismo e, por outro lado, o que este denuncia (com ou sem provas) ou propõe vira pauta da mesma imprensa. Por outro lado, as críticas e as denuncias contra este mesmo candidato não ganha repercussão ou são abafadas. É o caso do aborto que foi censurado como ideia, mas não foi investigado como algo possivelmente efetivado por pessoa da família do candidato que foi beneficiado pela tal censura. Outro exemplo é o tráfico de influência e de desvio de verba acontecidos na casa civil...de São Paulo (Brasília não é a ilha isolada da corrupção, é apenas uma parte desse arquipélago formado por setores privados e públicos do país).

O P.I.G seria formado pela maior parte dos jornais, canais de televisões, rádios e revistas, incluindo o sistema Globo, o jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, as revistas Época e Veja, etc. Não é difícil, nesse exato momento, analisar as ditas reportagens desse grupo e perceber que repetem as mesmas ladainhas a favor de uma das candidaturas. Por outro lado, remando contra a correnteza produzida pelo P.I.G., alguns grupos menores da imprensa tentam, nesse momento, um pouco mais de neutralidade (visto que a objetividade total é, comprovadamente, impossível) e este é  o caso de O Dia, Isto É e Carta Capital.

 Espero com o vídeo abaixo possibilite a percepção de um fato simples: o que a oposição neoliberal defende é o mesmo que o P.I.G. anuncia e defende em relação ao papel do Estado brasileiro: cortar gastos e seguir o receituário liberal- receituário este que  trouxe, como demonstra qualquer análise rápida da história, prejuízos para os trabalhadores mundo afora.

A proposta neoliberal aumenta a ganância da elite empresarial em relação às riquezas públicas (estatais) e isto tem gerado crises sociais. O défit público passa a ser o demônio a ser exorcizado e o lucro o velho deus a ser louvado. É só olharmos para os EUA e  os Estados capitalistas da Grécia, Espanha, Portugal , França... para vermos o resultado: desemprego, fome, desabrigados, desregulamentação dos direitos trabalhistas, greves e grandes conflitos sociais.

Tsunamis ou marolinhas,  eis o que está em  questão no embate político brasileiro: Estado neodesenvolvimentista com marolas de distribuição da renda pública ou o Estado neoliberal e os tsunamis da concentração de renda. Marolas ou tsunamis? Ser ou não ser? Como disse o poeta: "quem viver, chorará".




P.S.: A seguir transcrevo um texto retirado do portal da Carta Capital que foi publicado no dia seguinte a minha postagem neste blog. Creio que o texto ilustra bem o que escrevi. O título- A verdade factual às favas- resume bem o que faz o P.I.G. ao construir versões enganosas de fatos que, em suas folhas de jornais, são apresentados e vendidos como verdades absolutas, mas não passam de ficções para serem usadas na política.

                                             A verdade factual às favas
                                                    (Sergio Lirio)

21 de outubro de 2010 às 15:23h

A mídia torna secundárias as principais conclusões do caso da quebra de sigilo fiscal de tucanos.

Na segunda-feira 18, durante a premiação das empresas mais admiradas do Brasil, Mino Carta causou certo mal estar na platéia de empresários ao falar, entre outras, que a mídia brasileira não costuma se guiar pela verdade factual, pelos acontecimentos como eles se deram. Prefere as versões de seu interesse. Mas como discordar dessa afirmação ao ler nos jornais desta quinta-feira 21 o relato das conclusões da investigação da Polícia Federal sobre a quebra de sigilo fiscal de tucanos e parentes do candidato José Serra. O Estado de S. Paulo, por exemplo, estampa: “Jornalista ligado ao PT pagou por dados de tucanos”. Para produzir essa linha, que me surpreenderá se não for utilizada no horário eleitoral gratuito de Serra, o jornal paulista tornou acessório o essencial dessa história. A saber:
O jornalista Amaury Ribeiro Jr. trabalhava no jornal Estado de Minas quando encomendou e pagou a um despachante de São Paulo pelos dados sigilosos. Segundo relatou à PF, as despesas do “trabalho” foram custeadas pelo jornal e sua missão era “proteger” o então governador Aécio Neves das investidas de José Serra, que teria encomendado ao deputado e ex-PF Marcelo Itagiba a fabricação de dossiês contra o correligionário de Minas.
Quando a quebra dos sigilos ocorreu, Serra e Aécio disputavam a indicação à vaga de candidato à presidência do PSDB. Aliás. Itagiba tem histórico no trabalho de atropelar adversários do presidenciável tucano. Quando Serra era ministro da Saúde e ele cuidava da “inteligência” da pasta, circulou um dossiê contra Paulo Renato de Souza, então ministro da Educação. À época, Souza andava tentado a fazer o mesmo que Aécio desejava: disputar a indicação do PSDB à presidência. Serra levou a melhor e acabou candidato em 2002, assim como foi o escolhido agora.

Ribeiro Jr. nunca foi contratado pela pré-campanha de Dilma Rousseff e nunca trabalhou para o PT antes. Ele apenas intermediou um contato entre Luiz Lanzetta, que prestava assessoria ao comitê, e o araponga Onésimo de Souza. Lanzetta estava preocupado com o vazamento de informações internas da pré-campanha. Uma briga por poder na equipe petista entre o grupo de Fernando Pimentel, que indicou Lanzetta, e de Rui Falcão está na base das “denúncias” que viriam a sair na mídia. Depois de o caso vir à tona, Lanzetta perdeu o contrato e o grupo de Falcão ganhou espaço e poder na estrutura.

A PF concluiu que não se pode ligar a violação dos dados com o suposto uso eleitoral das informações. De fato, não existe nenhum indício nem se imagina como a candidatura de Dilma Rousseff poderia se valer de informações obtidas de forma criminosa. Seria um tiro no próprio pé, pois resultaria na cassação de seu registro eleitoral.

Estes são os fatos. O resto…

Sergio Lirio

Nenhum comentário: