Amigos e/ou Leitores

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CENSURA e CÁLICE

   CENSURA
"Como é difícil acordar calado/ Se na calada da noite eu me dano/
 Quero lançar um grito desumano/ Que é uma maneira de ser escutado"
         (Buarque e Gil)

Se tu falas, escuto
Se te calas, engole
Se falo, escute
Se escutas, pense
Se me calo, engulo

Se penso, falo
Se me calo engulo
Se engulo, penso
Se penso , penso
Se falo, penso
Se calo, penso
       JWCL,   Rio, 24/01/11

Licença Creative Commons
This work is licensed under a Creative Commons Atribuição

Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas
 2.5 Brasil License.

O poema censura  é apenas um rascunho que quero compartilhar com o amigo leitor. Um bom motivo para expor este esboço apressado de poema é   um vídeo com uma das mais belas canções sobre o tema. Já bastava a voz do Milton, mas a canção de Chico Buarque e Gilberto Gil é um primor que vale lembrar.


          Cálice
(Chico Buarque e Gilberto Gil)

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...(2x)

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor engolir a labuta
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta...

Pai, Afasta ...

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira  de ser escutado

Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa...

Pai, afasta...

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade...

Pai! Afasta ...

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno

Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Nenhum comentário: